Levantar descendente para manter a conquista
“Então
o Senhor deu-lhe a seguinte resposta: “Seu herdeiro não será este”. Um filho
gerado por você mesmo será o seu herdeiro. Levantou-o para fora da tenda,
disse-lhe: “Olha o céu e conta as estrelas, se é que pode contá-las. E
prossegui: Assim será a sua descendência”. Gn 15.4,5
“Os grandes
homens vivem acima da sua obra; ela não é para eles nem lhes pertence”.
Abrão estava prestes a receber as
primícias de toda promessa que Deus lhe havia feito: “farei de você um grande
povo e o abençoarei” Gn 12.1. O cumprimento cabal dessa promessa dependia
intrinsecamente do nascimento de um descendente que nascesse via útero legitimo
e não útero emprestado.
O apelo de Abrão foi: “que me darás, se
continuo sem filhos?”. Ele entendeu que precisava de um descendente para que se
cumprisse toda promessa de conquista.
Apesar da sua avançada idade, Abrão
precisou crer que o seu histórico passado (sem filhos) não determinaria o seu
futuro histórico (muitos filhos). Em outras palavras: Quando Deus resolve mudar
o histórico de uma pessoa nenhum passado determina o seu futuro. Isso me leva a
crer que não importa quão difícil ou decepcionante tenha sido o meu passado. Eu
posso ter, em Deus, um futuro brilhante. Portanto, a garantia de que minha
conquista vai perdurar está em levantar um descendente.
Ao prometer-lhe um filho Deus estava
apontando para Abrão a importância de ver o futuro via descendência.
Todo projeto
de Deus visa a descendência.
Na criação. Quando Deus formou o homem e a mulher a ordem
dada a eles foi: “Sejam férteis e multipliquem-se. Encham e subjuguem a terra.
Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais
que se movem pela terra” Gn 1.28.
Na criação Deus pensava na
multiplicação e no crescimento. Essa multiplicação e crescimento estavam na
descendência de Adão. Ou seja: Começou em Adão sob um decreto de Deus e se
cumpriu em número incontável; numa descendência chamada humanidade.
Na queda. O episódio mais trágico narrado na Bíblia Sagrada
é o que fala da desobediência e queda de Adão e Eva. O primeiro casal é tirado
do Jardim do Éden e passa a experimentar as conseqüências de seu erro.
“A serpente foi amaldiçoada por ter
servido de instrumento a Satanás; a mulher teria prolongado as horas de sua
maternidade, acompanhadas de cruciantes sofrimentos; O homem foi punido com a
pena de prover seu sustento com fadigas e aflições, colhendo da terra espinhos
e cardos em vez do bom fruto. Foi forçado a continuar esta luta, até que
voltasse à mesma terra donde havia sido tomado. A morte foi o salário da sua
falta; e a terra foi amaldiçoada por causa de Adão. A maldição converteu este
planeta, do Éden num vale de lágrimas”1.
“No meio de todas as aflições com que
Deus puniu a falta da mulher, encontramos uma promessa consoladora, o gérmen de
todas as promessas futuras. A humanidade está arruinada e diante de um novo
programa de dores e aflições. Mais o criador divisou um remédio que cortaria os
efeitos do veneno mortal que acabara de ser inoculado na novel raça. Se Deus
não tivesse um remédio tão eficaz, talvez, na sua infinita bondade tivesse
desviado o plano do tentador. O verso 15 dá-nos o primeiro som do Evangelho, e
tem por isso sido classificado como o “proto-evangelho”. Da semente da mulher
sairia um que esmagaria a cabeça da serpente”2.
No plano de Deus “o descendente da
mulher” seria a solução para a tragédia da queda.
Em seu descendente pode estar a solução
para suas tragédias pessoais.
Moisés e seu
sucessor Josué. Enquanto muitos ficam impressionados
com o Moisés libertador que foi tremendamente usado por Deus para tirar o povo
do Egito, eu fico mais impressionado com o Moisés de Deuteronômio 34.1-4. O
Moisés líder capaz de levantar o seu sucessor, seu descendente para conduzir o
povo à terra da promessa, da conquista. “Depois de terminar sua exposição ao
povo, sabia Moisés que seus dias estavam terminando. Já sabia que não passaria
o Jordão, que Deus não tinha perdoado a sua falta quando deixou de lhe dar
glória perante a rocha de onde manariam as águas (Nm 20.7). Nunca chegaremos a
entender bem porque esta falta deixou de ser perdoada, mas o fato é que o gesto
do grande líder não teve o perdão de Deus. Assim, ele estava terminando a sua
tarefa e deveria, antes de ir ao encontro de Jeová, deixar um substituto capaz.
Dos homens que o acompanhavam, nenhum do quilate de Josué. Portanto, agora os
dois varões vão encontrar-se com Deus, mas, antes disso, Moisés reúne o povo,
faz-lhe um apelo tocante para que mantenha fiel ao Senhor, confie nas suas
misericórdias e seja fiel ao novo chefe. Agora, chegados ao fim da viagem,
Moisés convenceu-se de que tinha de entregar o bastão. Nada seria mudado entre
o povo, nem suas relações com Josué sofreriam qualquer solução de descontinuidade. Os negócios divinos independe dos homens;
estes vêm e passam, mas a causa fica. Foi assim com Moisés, não obstante
o muitíssimo que se lhe devia por seu tino admirável e capacidade de condutor
de povos. Assim, congregado o povo, Moisés comissiona a Josué para que se
esforce e tenha bom ânimo, pois Deus o faria passar o Jordão e o levaria ao
outro lado da terra. A grandeza do caráter de Moisés nota-se nesta grande
crise. Um homem que tinha lutado e sofrido por 40 anos, tendo diante de si um
alvo, agora apenas lhe é permitido vê-lo ao longe. Sobranceiramente, entrega o
bastão ao seu sucessor, prepara-se para virar a última página do livro da sua
vida e depois fechá-lo para sempre. Os grandes homens vivem acima da sua obra; ela não é para eles nem lhes pertence. Quando
vêem que chega a hora de entregar a pasta a outro, retiram-se calmamente, como
se o que foi feito não tivesse a sua marca e o dono o reclamasse para um
terceiro. Os que se apegam às
posições e fazem delas o todo da sua vida não servem aos outros, mas a si.
Moisés não teve uma palavra de amargura diante do fracasso de seu último sonho.
O seu sucessor lhe continuaria a obra, e isso parece que lhe bastava”3.
Moisés sabia que foi escolhido por Deus para ser um instrumento que tiraria o
povo do Egito e o conduziria para a terra da promessa. Dt 34.4.
Jesus e seus
doze apóstolos. “depois de passar a noite toda em
oração” (Lc 6.12), Jesus chama os seus discípulos e escolhe dentre eles doze
aos quais deu o nome de apóstolos. Uma vez escolhidos os doze, começaria um
tempo de preparo e treinamento. Afinal, não se faz apóstolo apenas com um
chamado. Foi preciso caminhar juntos até que a personalidade apostólica se
manifestasse.
A. B. Bruce diz que os doze “deveriam
ser mais que companheiros de viagem ou criados do Senhor Jesus Cristo. Eles
deviam ser, nesse meio tempo, estudantes da doutrina cristã, e ocasionais
companheiros de trabalho na obra do reino, representantes escolhidos e
treinados para propagar a fé depois que Ele próprio tivesse deixado a terra”4.
Bruce também cita: “Da época em que foram escolhidos, de fato, os doze entraram
em um aprendizado regular para o grande oficio do apostolado, no curso do qual
deveriam aprender, na privacidade de uma comunhão íntima e diária com seu
Mestre, o que deveriam ser, fazer, crer e ensinar como suas testemunhas e
embaixadores no mundo. Daí em diante o treinamento desses homens devia ser
uma parte constante e proeminente da obra pessoal de Cristo. Devia ser a sua
ocupação dizer a eles na escuridão o que eles deviam depois falar à luz do dia
e sussurrar em seus ouvidos o que, anos depois eles deviam proclamar dos
telhados (Mt 10.27)5. De “tudo o que Jesus começou a fazer e a
ensinar” (At 1.1) os apóstolos tiveram participação direta e entenderam que,
após a morte, ressurreição e ascensão de Cristo, seriam eles os descendentes
responsáveis por manter viva a missão de seu mestre. Ele foi crucificado e
morto, mas a sua missão permanece viva porque Ele deixou descendentes.
E quanto a você quem é seu descendente?
Josenilton
Pinheiro
Notas:
1
– Antonio Neves de Mesquita; Estudo no livro de gênesis; 5ª Edição 1983; Juerp;
pag. 105,106.
2
– Ídem; pag. 106.
3
– Antonio Neves de Mesquita; Estudo nos livros de número e deuteronômio; 2ª
Edição 1979; Juerp; pag. 179,180.
4
– O treinamento dos doze; A.B. Bruce; Arte Editorial; 1ª Edição 2005;
pag.37,38.
5
– Ídem, pag. 38.
Os
textos bíblicos são da Bíblia de Estudo NVI- Nova Versão Internacional; Edito
Vida 2003
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